Quando perdemos nossos filhos no primeiro momento não conseguimos acreditar no que está acontecendo, parece tudo um grande pesadelo...lembro que me senti muito perdida, uma enorme mistura de sentimentos, dor, descrença, solidão, é como se estivesse em outra estória, não podia ser comigo. Por várias vezes fiquei preocupada em consolar aquelas pessoas a minha volta que estavam chorando, sofrendo como se a perda maior não fosse a minha, porque era muito sulreal... a minha vida era tão feliz, mesmo quando tinhamos problemas era tudo tão natural porque estavamos juntos e nos amávamos acima de tudo. Achava tão injusto Deus ter me tirado minhas duas meninas que não conseguia aceitar aquela realidade como parte de minha vida.
Então os dias começaram a passar e elas não estavam voltando para casa, olhava nas janelas, nos quartos, nos lugares onde passavam na esperança de vê-las novamente...e nada...
As pessoas queriam nos afastar de casa, levar para viajar, nos tirar da nossa rotina, mas eu não podia sair dali, queria olhar para os quartos delas e enchergà-las lá dentro, meu marido fechava as portas porque não suportava ver as camas vazias e tudo tão sem vida.
A primeira tentativa de voltar a ter nossa rotina de volta foi desesperadora, meu marido foi a padaria comprar pão e a atendente perguntou quantos ele queria, a ficha caiu e o choro veio...quantos??? eramos cinco pessoas, quatro adultos e um bebê que ainda não comia pão, e agora, somos só dois pra comer...a realidade começou a bater em nossa porta.
Em 2002 a Mariana decidiu que queria fazer o cursinho pré vestibular e que ela mesma geraria os recursos para isso, então procurou a nossa afilhada Dani que trabalhava no Unificado e ela encaminhou a Mari pra se inscrever como monitora e então pagar o curso com o seu trabalho, e assim o fez nossa guerreira, saía de casa as 6:30h da manhã, trabalhava, fazia cursinho e a noite cursava o terceiro ano do segundo grau. Um dia nos levou em uma exposição no shopping Praia de Belas onde nos mostrou a história da Fundação Vida Urgente e da Diza e o Thiago, hoje sei que estava começando nossa preparação.
Nove dias depois do acidente fomos para o Grupo de Apoio a Pais da Vida Urgente.
Foi onde começamos a aprender a viver de novo, uma nova família e uma nova vida estava começando, dia após dia. Hoje fazemos parte do Coral de Pais.
www.vidaurgente.org.br
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