sábado, 15 de março de 2014

27 de Setembro de 2013

Hoje a noite estão fazendo 10 anos que abracei e beijei minhas filhas pela última vez, 10 anos que as vi lindas se arrumando pra sair, que escutei seus risos e a gargalhada contagiante da Malane, que vi o olhar forte da Mariana saindo pela porta me dizendo adeus... não ouvi mais o tilintar das chaves abrindo a porta que é o som que nós pais mais gostamos de ouvir...saudades de tantas coisas simples do dia a dia, os passos subindo as escadas quando chegavam da escola, a música alta vindo dos quartos, nossos almoços em família com pouco tempo pra estarmos juntos durante a semana, mas sempre estávamos os cinco sentados a mesa conversando sobre como tinham sido as manhãs de cada um e o que iríamos fazer no resto do dia...saudade das discussões sobre as roupas que iriam vestir, a Mariana deixando escapar algum palavrão e ainda ouço ela dizendo em seguida " desculpa desculpa, foi sem querer querendo", a Malane dando lições de moral na irmã mais velha...os momentos que passávamos juntos nos fins de semana, que mesmo depois de terem namorados tinham que reservar um momento em família para passearmos ou simplesmente deitarmos os cinco na nossa cama pra assistirmos um filme...a Mariana sempre querendo fazer a gente rir ou querendo mudar o mundo, muitas vezes rebelde mas com uma cede de vida e muito amor pra compartilhar...a Malane sempre ética e ecologicamente correta, cheia de ideais, e muito carinhosa, sempre pedindo pra deitar a cabeça no meu colo e pra eu passar os dedos entre os fios de cabelo dela, era o seu carinho predileto ...
Deixamos de viver muitas coisas juntos nestes 10 anos, mas os momentos felizes que vivemos estão guardados para sempre e sei que nossas almas não se encontraram nesta vida por acaso, somos uma família espiritual que estará eternamente ligada, 5 almas numa só... Minhas 3 filhas o melhor presente que Deus me deu, e apesar da Mariana e a Malane terem nos deixado tão cedo não trocaria os 14 e 18 anos que tive ao lado delas por nenhuma outra vida...
A minha amada Maria Gabriela Casagrande, o meu amado companheiro de vida Diógenes Casagrande, e a certeza de que um dia estaremos todos juntos novamente me mantém firme e forte para cumprir a minha jornada!
Mariana e Malane recebam o meu amor, meus abraços e beijos...



Texto Diógenes

 
Nesta semana, completam-se 10 anos de saudades das minhas amadas filhas Mariana e Malane.
Muito, num tempo cronológico, absolutamente nada para uma dor sem nome.
Aceitar faz parte do processo, me conformar... nem pensar.
Uma saudade do que vivemos, e do que não vivemos.
Dos 15 anos que a Malane não festejou.
Da formatura que a Mariana não teve.
Dos netos que não curti.
Dos Natais que não vivemos.
Da mesa que não compartilhamos mais.
Naquele dia eu também morri, não tenho a menor duvida.
Tive que nascer novamente, outro, diferente...
Nascer de novo e com a dor incurável e eterna.
Mas era preciso, por vários motivos.
Primeiro porque Deus, na sua infinita bondade, nos trouxe a Maria.
Maria, que é nossa alegria e luz do nosso caminho.
Segundo, porque não posso decepcionar minhas filhas.
Sim, porque não importa onde elas estão, continuam sendo minhas filhas.
Em meus pensamentos e orações, continuo o pai vigilante e atento.
Por ser Espírita, sei que vamos nos reunir no momento certo.
Mestre Divaldo Franco, nos disse uma vez, num encontro rápido:
“Perdemos chaves, carteira, celular... filhos... nunca!!!”.
Amiga Diza Gonzaga, que foi do luto a luta, colo carinhoso para centenas de pais com esta dor:
“Por via das duvidas, é melhor acreditarmos que eles estão nos olhando, não podemos decepciona-los.
Pedimos licença para chorarmos de vez em quando, mas logo ali reagíamos e 

 vamos a luta”.
Mariana e Malane, minhas filhas queridas, papai esta aqui, na luta. Quando concluir minha missão e o chamado vier, tenham certeza que vamos nos encontrar, e vou beija-las e abraça-las muito.
Amo vocês.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

PERDA SEM NOME


PERDA SEM NOME

“Entre todas as dores que infelicitam a condição humana, uma
delas se sobressai como a mais terrível, a mais injusta, a mais
profunda: a dor da perda de um filho. Se a morte já é inaceitável,
se a tememos e a desprezamos, a morte de um jovem, rompendo
o ciclo natural, interrompendo uma trajetória que todos supunham
venturosa, expõe-nos de maneira brutal a efemeridade da
existência.
Diante dessa perda, alguns sucumbem fisicamente. Outros afastam-
se da racionalidade, mergulhando em um mundo de sombras.
E outros, por fim, retirando forças sabe-se lá de que fonte
de energia, resistem, enfrentam, olham para frente, sem esquecer
o passado, é verdade, mas procurando manter a integridade
psicológica até como homenagem aos que partiram”.

Sergius Gonzaga.
Fragmento retirado do livro Thiago Gonzaga-Histórias de uma
vida urgente.



Se a vida se inscreve com um linear lógico de acontecimentos onde o nascer, crescer,
reproduzir e morrer são etapas sequenciais de uma ordem e esperadas, a inversão deste
seguimento por uma morte nos desafia e nos deixa sem palavras para nomeá-la.
A gramática classifica como “viúvo” ou “viúva” aquele que perde seu cônjuge, nomeia como
“órfão” aquele que perde seus pais, mas não designa uma palavra para a inversão da ordem que
classificaria os pais que perdem seus filhos.

“Não há um nome para esta perda, deveria ser proibido que os
filhos partissem antes dos pais, é contra a ordem natural da vida,
se existisse uma palavra para isso certamente, seria um palavrão”.

Sabemos que o enorme sofrimento que esta situação acarreta causa a falta de nomeação. Mas
entendemos também que este é um tema tabu, ninguém quer pensar que isto possa acontecer
consigo, se aproxima do proibido, do sagrado.

“Um dia li numa revista o depoimento angustiado de um pai que
perdera seu filho estupidamente num acidente de automóvel.
A exemplo de outros milhares de pais brasileiros me comovi

com aquele desabafo sem poder imaginar que também eu
experimentaria a dor exasperante da morte de um filho em
circunstancias parecidas”.

Régis Gonzaga - Pai de Thiago Gonzaga
Fragmento retirado do livro Thiago Gonzaga-Histórias de uma
vida urgente.


A realidade que se instala com a perda é impensável e inominável. Parece se ligar com a parte
mágica convocatória que as palavras têm, significando que se não é nomeado evita-se que
ocorra o que se teme. Da mesma forma as pessoas pensam que se não falarem da pessoa que
morreu podem apagar o que aconteceu.
A falta de uma pessoa amada não pode ser ignorada, esquecida ou deixada de lado, precisa ser
reposicionada. Esta reposição implica em não negar o acontecido, em poder falar da pessoa
falecida sem restrições, sem chocar ninguém e de realizar o luto dentro de um tempo adequado
para si mesmo. Quando as pessoas evitam falar em quem partiu reafirmam a posição de que este
precisa ser realmente esquecido. Diferente de qualquer outro luto que segue a sequência lógica
da vida, a morte de um filho reafirma a incondicionalidade do amor e portanto a impossibilidade
do esquecimento:

“Filho não morre, ele segue vivo na nossa lembrança, nos nossos
sentimentos e em tudo o que fazemos. É como se fosse o pano de
fundo das nossas emoções”.

“É estranho, já se passaram dois anos, e ele ainda está tão vivo
dentro de mim”.

“Faz 31 anos que ele partiu, mas para mim foi hoje pela manhã
às 08 horas quando recebi a ligação e me avisaram do acidente”.

Se para a maioria dos tipos de luto o tempo entre o acontecido e o hoje serve para acomodar os
fatos e nos distanciar saudavelmente da situação, o luto de pais nos ensina uma forma diferente
de vermos que, o fato em si, não se acomoda.
A realidade externa imposta pela perda do filho suscita um comportamento que não condiz
com a realidade interna (psíquica) dos pais. Quando não respondem de maneira adequada às
exigências sociais de esquecimento, embotamento ou “superação” (não falar do filho, não ter o
tempo adequado para dar um destino aos objetos pessoais deles, ter que continuar a vida e as
obrigações sociais como se nada tivesse acontecido, etc.), sentem-se diferentes, constrangidos
e excluídos no seu cotidiano.

“É como se a minha má sorte fosse contaminar a todos, as pessoas
evitavam falar comigo”.


“Quando chego em algum lugar, as pessoas me olham como se
eu fosse um ET, e às vezes é assim que me sinto, pois tudo está
sendo reavaliado na minha vida”.

“É como se eu tivesse perdido minha identidade, as pessoas me
olham como ‘aquela que perdeu o filho’”.

Nosso inconsciente não reconhece esta perda. Por mais que teoricamente saibamos que isto
acontece, não há representação dentro de nós, há teorias; mas nosso mecanismo de preservação
da vida nos faz acreditar que estaremos no registro geral, portanto não registra a inversão
da ordem da vida. Com a brutalidade inesperada da morte, ocorre uma ruptura, um trauma
em nossa mente, e muitos sentimentos intoleráveis vem à tona. Ficando as perguntas: Como
é possível tornar verdade algo que não queremos acreditar e que nos invade com tamanha
violência? Como lidar com isso? Diza Gonzaga, mãe de Thiago de Moraes Gonzaga e criadora da
Fundação que leva o nome do seu filho, nos ajuda a construir algumas possibilidades:

“A morte não nos dá alternativas a não ser lidar com a vida que
fica dentro de nós. Os pais participantes dos Grupos de Apoio da
Fundação Thiago de Moraes Gonzaga, generosamente criam, recriam
e compartilham formas de lidar com aquilo que é irreversível.
Se chorar trouxesse nossos filhos de volta certamente estaríamos
reunidos para fazer o grupo do choro, mas como não há
possibilidade disto acontecer, nos reunimos para em nome dos
nossos filhos proclamar a vida. Queremos através deste trabalho
dizer a sociedade que se tivesse um nome adequado para classificar
os pais que perdem seus filhos, este nome seria: SOBREVIVENTES.
E a qualidade desta sobrevivência vai depender de cada
um de nós e do quanto vamos nos abrir para aprender a viver dignamente
todos os dias sem a presença física dos nossos filhos”.

Não há um final previsível para o luto dos pais por seus filhos, há o investimento e o
reposicionamento do amor de forma que os sentimentos envolvidos nesta situação não precisam
ser ignorados ou evitados e nem carreguem consigo o peso aterrorizador da morte.


O texto acima pertence a um guia elaborado através de depoimentos de pais que perderam filhos e profissionais da área de psicologia da Fundação Thiago de Moraes Gonzaga com a OMS, Publicação " Perdas sem nome".

domingo, 27 de novembro de 2011

Desculpas aos meus seguidores e leitores pelo tempo que fiquei sem postar, confesso que estava meio desanimada, também tenho meus momentos de tristeza e insegurança, mas o mais importante é saber sair deles, pois os mesmos as vezes são nescessários para podermos levantar mais fortes.
Obrigada a minha amiga Fabi, que esteve aqui em casa ontém, depois de muitos anos sem nos vermos, me deu muita força pra continuar a escrever, foi muito bom ter voce e o Leandro em nossas vidas novamente.

Jaque Casagrande


Fotos usadas na Campanha Busdoor da Fundação Vida Urgente, também fazem parte da Campanha "As Estátisticas tem Rosto"

Nove dias depois do acidente que levou nossas filhas, chegamos ao grupo de apoio aos pais que perderam filhos, na Fundação Thiago Gonzaga - Vida Urgente, estavamos sem chão, a ficha ainda não havia caído, a sensação era de estarmos vivendo um pesadelo e que a qualquer momento iríamos acordar. Era difícil falar, a maioria dos pais que estavam lá se mostravam comovidos e espantados por nós termos perdido duas filhas e confesso que no começo eu também me sentia desesperada com isto, poque comigo?
A Diza ( fundadora da Vida Urgente e mãe) falou que quando perdemos um filho a dor é muito grande mas temos que aprender a viver novamente, a familia passa por uma mudança muito grande que temos que nos adaptar, do mesmo modo que quando o casal tem o primeiro filho temos que mudar tudo de novo. Temos que esquecer os "ses e por ques", nem procurar justificativas ou nos culpar achando que em algum momento devíamos ter agido diferente.
Uma outra mãe disse que depois da perda da filha havia se tornado uma pessoa melhor, o que nos revoltou no primeiro momento, mas depois compreendemos que passamos a ser mais autenticos, fazemos apenas aquilo que realmente nos faz bem, mudamos nossos valores e não temos mais que engolir sapos apenas para agradar os outros, somos o que somos e não o que os outros querem que sejamos...
Aprendemos a viver dia após dia, voltar a rotina é muito difícil, tudo lembra os filhos, ir a padaria, ao mercado e não comprar aquilo que eles gostavam de comer, cozinhar então...
Nós almoçavamos todos os dias em casa, todos juntos, depois ficamos um ano sem almoçar em casa.
Certa vez em uma reunião de pais, uma mãe disse que se soubesse que teria que passar por esta dor não teria tido filhos, eu respondi que nunca me passaria pela cabeça esta possibilidade, pois eu viveria tudo novamente só para estar aqueles 14 e 18 anos ao lado delas, e se em algum momento antes de vir para este mundo Deus me deu esta opção tenho certeza de que a escolha foi minha, pois sempre senti que nossa relação familiar vai muito além desta vida.
Optamos por não falar e nem procurar lembrar do dia em que as perdemos, resolvi focar minha vida nas lembranças boas dos momentos felizes que tivemos juntas, do amor e da cumplicidade que tinhamos, então certa vez uma mãe me questionou se minha vida era perfeita, se minhas filhas eram perfeitas...disse a ela que eramos uma familia normal, com momentos de desentendimentos, de tristezas, de dificuldades, mas que tudo isto era muito pequeno e fácil de resolver porque havia muito amor e amizade entre pais e filhas que sentavam pra conversar, que não tinham vergonha de dizer "eu te amo", e ser verdadeiro sempre respondendo aos seus questionamentos com a verdade pois nós colhemos nesta vida o que plantamos .
Foi a história delas aqui neste mundo, minha filha Mariana gostava muito da frase do Xico, "Não deixarei nenhuma mensagem quando morrer pois minha maior mensagem foi minha própria vida", era a cara dela, tenho certeza que elas cumpriram a missão delas, os poucos anos que estiveram aqui deixaram muitos amigos, espalharam muito amor, e em muitos momentos nos ensinaram muito e ainda ensinam, aprendemos a sentir os sinais que a vida nos dá de presente, eles estão nas pequenas coisas e a beleza da vida também.
Perder duas filhas não significa que sofremos mais que se perdessemos uma, a saudade que é maior, são mais momentos pra sentir falta, menos sorrisos pra contemplar, menos abraços, menos beijos...
Quando perdemos um filho , mas temos outro(s) ao nosso lado, nunca devemos esquecer de que se fomos felizes com aquele que se foi o que esta aqui também merece ser feliz, ele também está sofrendo a perda e não merece perder mais, perder a nossa presença na vida dele. Somos responsaveis e seremos sempre pelos que partiram e pelos que estão aqui, somos responsaveis por quem cativamos, e os que partiram serão sempre nossos filhos, quando me perguntam quantos filhos tenho, sempre respondo que tenho 3 meninas.
Ainda vivo por elas, procuro fazer o que elas gostariam que eu fizesse, não sou mais forte que ninguém e não carrego a cruz do tamanho que tenho forças pra caregar, aliás odeio esta frase, sou alguém que aprendeu a amar suas filhas desde o momento da concepção, e talvez muito antes disto, muito além do que o nosso conhecimento alcança, e vou continuar amando e vivendo por este amor...

domingo, 17 de julho de 2011

Verão 2001 em Torres e Santa Catarina

 Nessa viagem eu estava gravida da Maria, a Jojô viajou conosco, passamos um dia em Torres depois fomos pra praia do Rosa onde o meu irmão Rubinho ficou com a gente.











Mariana, Malane, Daniela e Roberta

 Daniela, Mariana e Roberta no Minimundo em Gramado.
 Daniela com a Camila, Mariana, Malane e Roberta em Ingleses SC.



No apartamento do Jardim Vila Nova.

Na Praia de Imbé.




No ano Novo em 2003.


No Unificado em 2003, a Dani estava gravidinha.